sábado, 10 de maio de 2008

Acordo ortográfico

No Brasil, o novo acordo ortográfico da língua portuguesa entrará em vigor em 01.jan.09, quando o Presidente Lula assinará a minuta preparada pela Comissão de Definição da Política de Ensino, Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip), órgão ligado ao Ministério da Educação e Cultura (MEC). O Parlamento de Portugal deverá votar o assunto na próxima quinta-feira, de forma que os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste tenham a ortografia unificada a partir de janeiro de 2009. O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no Acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país. O que muda na ortografia em 2009? (1) As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo". (2) Mudam-se as normas para o uso do hífen. (3) Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem". (4) Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos". (5) O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, sequência, freqüência e qüinqüênio. (6) O alfabeto passa a ter 26 letras, com a incorporação de "k","w" e "y". (7) O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição). (8) Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia. (9) Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo. (10) Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido". (11) Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus (fonte: internet). E você? O que você pensa do Acordo? É preocupante, sobre um assunto que atinge a todos, que no Brasil não esteja havendo um amplo debate em torno da questão, ao contrários de outros países de fala e escrita lusófonas: na semana que passou, um grupo de dezenove intelectuais portugueses (eles existem sim, seus maldosos...) lançou, em Lisboa, um manifesto contrário às mudanças. Por outro lado, José Saramago, ganhador do Prêmio Nobel de 1998, o único destinado à língua portuguesa, está a favor. Vamos examinar o Acordo e discuti-lo também?

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