quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para quem curte velocidade e Paris: C'était un rendez-vous

O filme mais famoso do diretor francês Claude Lelouch, "Un homme, une femme" (Um homem, uma mulher) ganhou em Cannes, 1966, a Palma de Ouro de melhor filme e dois Oscar, em 1967, nas categorias filme estrangeiro e roteiro original. A foto ao lado, do site do diretor, mostra-o por trás da câmera nas filmagens de  "Um homem, uma mulher".

Lelouch gosta de velocidade e sempre foi amigo de pilotos de carros de corrida, tanto que o homem do título do filme citado era um piloto (que ficou viúvo e encontra uma mulher viúva). Em 1976, o diretor resolveu filmar um curtametragem em plano-sequência (um plano que registra a ação de uma sequência inteira, sem cortes) e realizou "C'était un rendez-vous" ("Era um encontro"). No curta é mostrado um condutor andando em altas velocidades pelas ruas de Paris e para isto foi instalada uma câmera em um giroscópio na parte dianteira do carro. A duração do filme foi limitada ao tempo máximo de gravação permitido pela câmera na época, que era de menos de 10 minutos úteis (no rolo era preciso ainda colocar os créditos). Com a atual tecnologia digital, a barreira dos rolos de filme com 11 minutos foi superada e acabou o troca-troca na cabina para projetar um filme na tela do cinema (um longametragem normal era/é editado para 90 minutos ou 8 rolos).

Resumo - O filme mostra um condutor dirigindo seu carro pelas ruas de Paris, nas primeiras horas da manhã, acompanhado do som das altas rotações do motor, com várias mudanças de marchas repentinas e pneus guinchando. Tudo começa no túnel da Périphérique, mostrando uma imagem a bordo de um carro em que não é visto, indo em direção a Avenue Foch. Locais famosos da cidade são mostrados durante o trajeto em que é feito, tais como o Arco do Triunfo, o obelisco da Praça da Concórdia e a famosa avenida Champs-Élysées. Pedestres não são respeitados, pombos que estavam nas ruas são dispersados, sinais vermelhos são ignorados, vias de mão-única e de contramão são usadas e faixas centrais são cortadas. O carro nunca é mostrado. No final do filme, o carro é estacionado na calçada da colina do Sacre Coeur. O protagonista sai do carro e encontra-se com uma mulher de cabelos louros, enquanto se ouve ao fundo sinos tocando.
A rota utilizada foi a seguinte, na ordem: Boulevard Périphérique - Avenue Foch - Place Charles-de-Gaulle - Avenue des Champs-Élysées - Place de la Concorde - Quai des Tulieres - Arc de Triomphe du Carrousel - Rue de Rohan - Avenue de l'Opéra - Place de l'Opéra - Fromental Halévy - Rue de la Chausée d'Antin - Place d'Estienne d'Orves - Rue Blanche - Rue Pigalle - Place Pigalle - Boulevard de Clichy (rua usada após abortar a rota pela Rue Lepic) - Rue Caulaincourt - Avenue Junot - Place Marcel Aymé - Rue Norvins - Place du Tertre - Rue Ste-Eleuthère - Rue Azais - Place du Parvis du Sacré Cœur.

Especulações - Vários grupos de discussões espalhados pela internet reivindicavam que o carro usado no filme tenha sido uma Ferrari 275GTB, que era do próprio Lelouch, ou então algum outro modelo de carro, como o Alpine-Renault ou um protótipo de Le Mans. Partes do carro ou até mesmo sua cor nunca foram mostrados até então. Já para o piloto anônimo, as especulações da época basearam-se nos pilotos ativos e mais conhecidos da época e amigos de Lelouch, tais como: Jacques Laffite, Jacky Ickx, Jean-Pierre Beltoise e Rene Arnoux.

No entanto, cálculos feitos por grupos independentes mostraram que o carro nunca passou de 140 km/h. Lelouch afirmou que a velocidade máxima atingida pelo carro foi de 200 km/h. Em 2006, trinta anos depois do lançamento do filme, o diretor francês revelou, em uma espécie de "making of", que o carro que carregou a câmera não foi a Ferrari 275GTB, como todos pensavam, mas sim um prosaico sedã Mercedes-Benz 450SEL 6.9. Este carro tem câmbio automático e chega à velocidade máxima de 230 km/h. As mudanças para marchas altas e o som das altas rotações de motor indicam que o carro está a mais de 200 km/h; no entanto, a velocidade do carro em relação à velocidade em que o som reproduz parece não ter relação. Então, como já se especulava, o som utilizado é um overdub do 275GTB, dando assim a impressão de velocidades muito mais elevadas. Isto foi depois confirmado por Lelouch na mesma entrevista. Ao mesmo tempo que a informação verdadeira do carro foi revelada, uma foto foi divulgada no site oficial do diretor, mostrando Lelouch ajustando a câmera giroscópica que foi utilizada no filme em sua Mercedes.

Críticas - O filme de Lelouch exibe uma negligência criminal em decorrência do risco de morte corrido pelos pedestres e da segurança dos motoristas. Na primeira exibição do filme, Lelouch foi preso e liberado logo depois, sem nenhuma punição sofrida. A distribuição do filme poderia ser vista como ameaça, já que poderia incentivar os motoristas a andar perigosamente (e como loucos) pelas ruas e desrespeitar todas as leis do trânsito (incluindo semáforos), apontando que Lelouch estava certo quando falava que o filme era uma coisa de ação real, ao contrário de efeitos de cinema. Comentários atribuídos ao próprio Lelouch indicam que ele reconheceu o ultraje moral feito neste filme e que ele estava preparado para os futuros riscos e problemas que o filme proporcionaria. (fonte: Wikipedia, colaboração de João B.S.)

Agora veja ou reveja o filme - de preferência em tela cheia e som alto -, clicando ► AQUI

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