sábado, 4 de abril de 2009

O Almirante Negro

Pois é, meus amigos, a história do Brasil é muito mal contada e pessimamente conhecida. Quantos conhecem João Cândido Felisberto? Muito poucos. E, no entanto, este cidadão escreveu uma das páginas mais nobres, no sentido lato, e mais importantes na história desse nosso país. A quem interessar possa, o livro João Cândido – O Almirante Negro, editado pelo Museu da Imagem e do Som, traz o depoimento prestado pelo Almirante Negro, em 1968, a Ricardo Cravo Albin. “João Candido tem um rosto, uma voz e uma assinatura. Um brasileiro que orgulha a nação. Um herói. Um negro. Que fez um motim em 22 de novembro de 1910, para os marujos não levarem mais chibatadas. Parecia guerra santa: ético, lançou ao mar toda a aguardente, para os comandados não se embriagarem. Trancou os camarotes dos oficiais para não serem violados. Como a artilharia e as tropas nas mãos, podia destruir a cidade. Não fez. Tudo escritinho no diário de bordo, como operação de guerra. Foi anistiado. Do quê? Depois, foi preso. Dado como louco. Solto. Preso. O diabo! Esses fatos e muitos outros estão contados, com voz dele mesmo, no depoimento que prestou ao Museu da Imagem e do Som, há quase três décadas. Tinha 89 anos. Pobre, doente, humilhado e, paradoxalmente, sempre amando a Marinha e o Brasil.” (João Cândido Felisberto – O Almirante Negro)
Mestre sala dos mares (João Bosco/Aldir Blanc): Há muito tempo nas águas da guanabara, o dragão no mar reapareceu na figura de um bravo feiticeiro, a quem a história não esqueceu. Conhecido como Almirante negro, tinha a dignidade de um mestre-sala e, ao acenar pelo mar, na alegria das regatas, foi saudado no porto pelas mocinhas francesas, jovens polacas e por batalhões de mulatas. Rubras cascatas jorravam das costas dos santos, entre cantos e chibatas, inundando o coração do pessoal do porão, que a exemplo do feiticeiro gritava então "glória aos piratas, às mulatas, às sereias, glória à farofa, à cachaça, às baleias, glórias a todas as lutas inglórias que através da nossa história não esquecemos jamais. Salve o Almirante negro, que tem por monumento as pedras pisadas do cais. (colaboração do Nelson S.)
Veja no YouTube Elis Regina cantando, em 1974: http://www.youtube.com/watch?v=n6-i_XQsxCE

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