quarta-feira, 1 de junho de 2011

As 'brigas' de Noel Rosa e Wilson Batista

São famosas as "réplicas e tréplicas" entre Noel Rosa e Wilson Batista (que constam do roteiro do excelente filme "Noel, o poeta da Vila"). Noel, genial, tirava de "brigas" (talvez, até fosse mesmo briga-briga, quer dizer, de verdade) motivo de inspiração, construção e trabalho. Até onde se sabe, tudo começou assim:

Wilson Batista, outro grande sambista de sua época, havia composto um samba chamado "Lenço no Pescoço", uma ode à malandragem, muito comum nos sambas da época. Noel, que nunca perdia a chance de brincar com um bom tema, escreveu em resposta "Rapaz Folgado" (Deixa de arrastar o seu tamanco / Que tamanco nunca foi sandália / Tira do pescoço o lenço branco / Compra sapato e gravata / Joga fora esta navalha que te atrapalha) .

Wilson, irritado, compôs "O Mocinho da Vila", criticando o compositor e seu bairro. Noel respondeu novamente, com a fantástica "Feitiço da Vila".

A briga já era um sucesso, todo mundo acompanhava. E todo mundo agradecia, pelas obras primas que eles iam construindo a partir disso. Wilson retorna com "Conversa Fiada" (É conversa fiada / Dizerem que os sambas / Na Vila têm feitiço) .

Foi a deixa para Noel compor um dos seus mais famosos e cantados sambas, "Palpite Infeliz". Wilson Batista, ao invés de reconhecer a derrota (se é que há derrotas para apenas uma das partes) fez o triste papel de compor "Frankenstein da Vila", sobre o defeito físico de Noel. Este não respondeu. Wilson insistiu compondo "Terra de Cego". Noel encerra a polêmica usando a mesma melodia de Wilson nessa última música, compondo "Deixa de Ser Convencido".

Texto de autoria de Jilvania Lima, de Rascunho Digital, uma experiência com páginas interativas da FACED (UFBA).


Para ver no YouTube um trecho do filme 'Noel, um poeta da Vila' tratando de 'Lenço no Pescoço' e 'Rapaz Folgado', clique ► AQUI ◄




E para ver um vídeo reproduzindo trechos das músicas do duelo, clique ► AQUI ◄





Brinde: 'Rapaz Folgado', na voz de ► Rose Maia ◄, ao vivo no Centro Cultural Carioca, à rua do Teatro, 37 (ao lado do João Caetano), Praça Tiradentes.

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