No flanco norte do Pão de Açúcar, a montanha que é um dos grandes cartões postais do Brasil, existe uma figura que evolui sob o jogo de luzes e sombras e só aparece quando o Sol está a pino, entre 11h e 12h30 (veja foto, tirada hoje, às 11h30). É uma fenda com forma de "S", que teria sido esculpida por viajantes que aqui estiveram muito antes dos fundadores portugueses e que, dependendo do ângulo dos raios solares, se transforma em um íbis, o adorado pássaro sagrado do antigo Egito e símbolo do deus Toth. Em outra coincidência (será mesmo?), a formação rochosa lembra muito o capacete usado por Toth, conforme as ilustrações que se acham nos livros a respeito da civilização egípcia. A única discrepância é que esse deus era ligado à Lua e não ao Sol, que comanda as aparições do ibis do Pão de Açúcar. Já para os montanhistas, a Íbis é uma rota clássica - e um tanto mítica -, pois corta o grande teto que existe na face norte da montanha. Os mais experientes dizem que as fendas que formam a figura são a rota mais perigosa para subir a montanha. "É um conjunto de platôs: o primeiro é de mais ou menos uns seis metros quadrados e o de cima tem uns vinte metros quadrados. É relativamente grande, dá para armar a barraca. Nas vias maiores - de dois, três dias de escalada -, a gente até dorme e cozinha nesses platôs”, explica o montanhista Sérgio Marcondes. De acordo com o alpinista brasileiro Waldemar Niclevicz, "a Íbis é uma rota de escalada longa, com 400 metros de comprimento, que foi conquistada por uma equipe de austríacos em 1972 e que hoje se encontra com os seus grampos um tanto comprometidos pela maresia. A rota tem onze esticões ou cordadas, com dificuldades de até 7º grau. Dois destes esticões são em artificial, mas os grampos em que é preciso se apoiar são de apenas ¼ de polegada e estão bem enferrujados, alguns parecem que estão a ponto de se arrebentar. O grande teto da Íbis, conhecido também como “a barriga” da silhueta deste pássaro mitológico é um dos pontos críticos da via, uma vez ultrapassado fica muito difícil descer para abandonar a via, pois o teto é gigantesco, ou seja, é preciso continuar para cima, até chegar no cume" (fonte: internet).
Além do íbis, na foto acima também pode ser visto, no rodapé à direita, a praia da Urca e, ao fundo, o prédio onde funcionou o antigo Cassino da Urca, depois a TV Tupi e que esteve abandonado nos últimos 20 anos, atualmente sendo reformado para abrigar o IED (Instituto Europeu de Design) que está provovando o maior tititi no pedaço, com os moradores colocando faixas nas janelas. "Contra", no início, e agora estão aparecendo umas "a favor". Para variar, o prefeito César Maia está no meio de mais essa reclamação. Numa opinião de quem não mora no bairro, mas está sempre por lá, a Associação dos Moradores teve 20 anos para fazer alguma coisa a respeito daquele imóvel. Não fez. Agora reclamam, numa posição bastante elitista, a solução encontrada. No Forte São João está sendo construído um Centro Cultural - a ser inaugurado em maio - que também irá encher a Urca de carros de terceiros. Não ouvi nenhuma gritaria dos moradores até agora. Aliás, o morador mais conhecido da Urca, o rei Roberto Carlos, que tem apartamento pertinho do IED e que banca a manutenção da Igreja de Nossa Senhora do Brasil, um brinco, não se manifestou a respeito. Talvez se a Associação tivesse seguido o exemplo dele e assumido o Cassino o rolo hoje não estaria formado. A conferir, o resultado do imbróglio.
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