Ontem, no dia do seu niver, o Papa Bento XVI esteve na Casa Branca em reunião com o Presidente dos Estados Unidos da América e, no seu discurso, deu-lhe um belo puxão de orelhas, quando condenou o uso da tortura. Como é sabido, mas evitado comentar por lá, recentemente o governo norte-americano aprovou o uso de tortura para a obtenção de confissões. O objetivo é aplicá-la exclusivamente em terroristas mas, aberta a exceção, não é difícil para o procedimento se espalhar de forma oficial (debaixo dos panos sempre correu solto) e para chegar na delegacia de polícia da nossa esquina é rapidinho. Métodos e técnicas de tortura (stress and duress) para aplicação em interrogatórios pelos norte-americanos não são exatamente novidades e podem ser encontrados no manual de treinamento "Kubark Counterintelligence Interrogation July 1963", elaborado para o Vietnã, e em outro manual -"Human Resource Exploitation Training Manual 1983"-, que se destinou a ensinar aos serviços de segurança da América Central - Nicarágua, El Salvador e Honduras - como extrair informações dos suspeitos de subversão. Esse manual foi usado em numerosos países latino-americanos como instrumento de instrução pela CIA e pelos boinas verdes, das Forças Especiais de Operação, em 1983-87. Ele se tornou objeto de críticas no Comitê de Inteligência do Senado americano, em 1988, devido aos abusos e violações aos direitos humanos cometidos pelos militares de Honduras, treinados pelos norte-americanos. No ano passado, George W. Bush, se referindo aos atentados de Londres em julho de 2005 para justificar uma técnica de interrogatório de suspeitos terroristas, conhecida como "water-boarding" (afogamento simulado), disse que ela não é tortura, em entrevista concedida à rede de TV britânica BBC (BBC World News America). Bush argumentou que a informação obtida de supostos terroristas ajudou a salvar vidas e considerou que os familiares das vítimas daqueles ataques o entenderão. O método, que causa grande polêmica já que é visto como uma forma de tortura, consiste em pendurar o prisioneiro de cabeça para baixo e descê-lo até o pescoço em um recipiente com água, causando a sensação de sufocamento, como visto em vários filmes recentes. A alternativa clássica - mas menos cinematográfica e mais trabalhosa -, pode ser vista na gravura acima (fonte: internet).
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