O Ministério da Alegria adverte aos malas-sem-alça, mal-humorados e chatos de modo geral: AFASTEM-SE! VADE RETRO! Esta não é a sua praia!!!
quarta-feira, 31 de março de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
Receita de bacalhau com cerveja
Bacalhau (1 ½ kg) – de preferência Cod Gadhus Morhua.
Azeite extra virgem (ao gosto).
Pimentões (três vermelhos e dois amarelos).
Cebolas (cinco).
Alho (uma cabeça bem picada).
Azeitonas pretas (um vidro pequeno).
Batatas (oito de tamanho médio).
Sal (ao gosto).
Cerveja (oito garrafas. de preferência Serramalte).
Amendoim ou castanhas (um saquinho).
Mulher (uma de qualquer tipo).
Modo de preparo
Reserve a cerveja e o amendoim. Ponha a mulher na cozinha com todos os ingredientes e feche a porta. Tome a cerveja com amendoim durante duas horas e depois peça para ser servido. É uma delícia e quase não dá trabalho!!! (colaboração de Vitor E.E.P.D.)
domingo, 28 de março de 2010
sábado, 27 de março de 2010
Novas cédulas do real
sexta-feira, 26 de março de 2010
O português e o gato
quinta-feira, 25 de março de 2010
A vida antes do radar
No início da Segunda Guerra Mundial (1939) passou a ser utilizado o sistema de telemetria fixa e rotatória. Os radares foram muito importantes na previsão de ataques inimigos, pois os ingleses sabiam com precisão a distância, velocidade e direção do ataque, tendo tempo de dar o alarme para a população se proteger, diminuindo as baixas civis, apesar do bombardeio constante efetuado pelos alemães. Os países do Eixo desenvolveram um sistema similar, mas com finalidade diferente: os radares alemães serviam para aumentar a precisão de tiro, facilitando o direcionamento dos projéteis ao alvo (transcrito de Wikipedia).
Mas, e antes? Como funcionavam os sistemas de defesa na prevenção de ataques de aviões na Primeira Guerra Mundial? Como os caras tentavam descobrir a chegada do Barão Vermelho? Orelha pura!! Veja com seus próprios olhos...
Vivendo em Marte
quarta-feira, 24 de março de 2010
Quintanares
O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.
A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.
A arte de viver é simplesmente a arte de conviver ... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!
O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Poeminha do contra:
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
[O Trágico Dilema]
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.
A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.
Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade. Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! Sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros? Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.
Inscrição para um portão de cemitério:
Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"
A poesia não se entrega a quem a define.
Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo...
Ah, esses moralistas... Não há nada que empeste mais do que um desinfetante!
Em 25.ago.66, na comemoração do 60º aniversário de Mário Quintana, o poeta é saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o seguinte poema, de sua autoria, em homenagem a Quintana:
Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.
terça-feira, 23 de março de 2010
A gata Catharina protesta!
☻
Os anos sessenta aos sessenta anos
(*) Para escrever o discurso de agradecimento (post abaixo), Paulo José se inspirou em Amarcord (Oscar de melhor filme estrangeiro de 1975), dirigido por Federico Fellini, onde ele revê, pelo olhos de um garoto (Titta), a sua vida familiar, a religião, a educação e a política dos anos 30, época do fascismo. O título Amarcord é uma referência à tradução fonética da expressão 'io me ricordo' (eu me lembro), usada na região da Emilia-Romagna, onde o diretor nasceu. Fellini sempre negou que o filme fosse uma autobiografia, mas reconhecia que existiam semelhanças com a sua própria infância em Rimini (fonte: Wikipedia).
“Eu sou do tempo em que todas as cuecas eram brancas, assim como os colarinhos e as geladeiras.” Quer dizer, eu sou nascido na década de 40, logo depois que a segunda guerra acabou. Assim, minha geração entrou nos anos 60 com seus 15 anos. Mas, afinal, como era ter 15 anos naquele tempo?
“Eu sou do tempo em que todos os criados eram negros, assim como os telefones e as gravatas-borboleta.” No começo dos anos 60, Jânio Quadros era o presidente; Brizola, governador do Rio Grande do Sul e Adhemar de Barros governava São Paulo. Depois de proibir briga de galo e biquíni em concursos de miss, Jânio mandou um bilhetinho renunciando e João Goulart assumiu o Palácio da Alvorada, em Brasília, recém-inaugurada por Juscelino.
“Eu sou do tempo em que os mocinhos eram bons, assim como os padres e os americanos.” A tevê transmitia em preto e branco e o grande sucesso era O Direito de Nascer, novela escrita por um cubano, Felix Cagnet, na extinta TV Tupi. Quem tinha 18 anos ouvia bossa nova, na voz de João Gilberto e já falava “voxê”, não por causa da Xuxa, mas devido a um sucesso de Jorge Ben, embora o quente fosse música americana, The Great Pretender, com The Platters, que a gente ouvia em hi-fi, nos discos stand-play, um disco pequeno, com duas faixas de cada lado. Silvio Santos já vendia Baú da Felicidade, embora o quente fosse comprar cesta de natal Amaral, Chico Anysio já tinha um programa semanal, mas sucesso era o Ronald Golias, na TV Record. Não havia vídeo teipe, transmissão à distância e nem câmera lenta.
“Eu sou do tempo em que os comunistas eram maus, assim como os japoneses e os bandidos do cinema.” E, no cinema, quem fazia sucesso eram Rock Hudson (esse mesmo) e Doris Day, uma loira sem sal. Havia um canastrão chamado Pat Boone, que cantava música de negro pra branco ouvir e uma adolescente chamada Sandra Dee, mas o James que a gente curtia ainda não era o Bond, mas o Stewart.
“Naquele tempo, Brim Coringa não encolhia, Melhoral não fazia mal, existia limbo e eu tinha um cachorro ensinado.” Os homens usavam calça boca-de-sino, que parecia uma clarineta, tinham camisa de Banlon e Sete Vidas nos pés. Calça jeans se chamava Rancheira e era vendida em armazém. As barras eram dobradas, várias vezes, assim como as mangas das camisas e o cabelo tinha que ser penteado para trás, o que fazia com que os moços de 18 anos dormissem com a meia da mãe na cabeça empastada de Brilcrem. As meninas vestiam chemisiers, com as saias retas ou evasês, de preferência de tergal, e logo depois vestiam tubinhos. Ainda obedeciam aos pais, tinham hora para chegar e faziam enxoval para casar. Havia bailes com orquestras - Luis Arruda Paes ou Silvio Mazzuca - que imitavam Ray Connif, além das brincadeiras dançantes. Todo mundo dançava samba (liso ou crespo), rock (junto ou solto) cha-cha-chá e hully-gully. Nas brincadeiras ou matinês dançantes, alguém ficava com um chapéu para pôr na cabeça do outro, de quem tomava o par e as mulheres ainda davam tábua quando não queriam dançar com um cafajeste. Bebida era cuba-libre (rum com coca-cola), samba (pinga com coca-cola) ou hi-fi (crush com gim), o que, certamente, nos obrigava a tomar, depois, Alka Seltzer, para a ressaca. Droga, nem pensar! No máximo Pervitin, remédio para não dormir, consumido nas provas escolares, ou Melhoral com cigarro Continental sem filtro, cuja mistura acabava fazendo com que os garotões tivessem atitudes estranhas, como quebrar antena de Simca-Chambord - o carro da época - ou lâmpadas dos postes de iluminação.
Quem se interessava por política, ouvia música de protesto do Vandré, lia padre Lebret, Michel Quoist e Carlos Heitor Cony, citava Sartre e Simone de Beauvoir, sem ter lido e adorava participar de algum movimento de juventude, tipo JUC, JEC ou outra sigla qualquer. Ah, odiava os imperialistas americanos! Esses eram os engajados. Ao contrário dos alienados, que praticavam esporte, ouviam a jovem guarda e jogavam boliche, sem citar ninguém. Porém, todos usavam pomada Minâncora contra espinhas.
“A vida era simples, como eu, naquele tempo.” Mas no colégio ainda ensinavam espanhol, filosofia e latim. Rosa, rosae. Nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo. Silogismo, premissa maior e palavras heterossemânticas. Enfim, era uma barra entrar na faculdade, cujas opções eram medicina, engenharia e direito. Economia e odontologia, só para quem levasse pau nas outras. Mas se passasse, perigava ganhar de presente uma lambreta.
Ter 15 anos no começo dos anos 60 era querer ter um calhambeque, usar topete e mascar chiclete, a maravilha que só Adams fabrica. Mas era sonhar em ter à disposição o apartamento de um amigo (não existia motel), sonhar em ter duas namoradas (uma avançadinha, para tirar o sarro e outra séria, para casar) e, ainda, sonhar com o Corinthians campeão, que o Santos do Pelé não deixava.
Enfim, “a vida era simples, como eu, naquele tempo. E a morte, apenas uma velha encapuzada que aparecia no reclame do Capivarol”. (colaboração de Luiz A.P.M)
Funerária portuguesa
segunda-feira, 22 de março de 2010
Amarcord de Paulo José
“Eu me lembro do meu primeiro encontro com Porto Alegre. A família vinha de Bagé, de carro, era noite. Eu cochilava no banco traseiro. Acordei quando entrávamos na Avenida Borges de Medeiros, ao lado da Avenida Praia de Belas, e aí eu vi imponente, monumental, maior do que a Igreja Nossa Senhora Auxiliadora e a de São Sebastião juntas, mais alto do que a Ponte Seca, mais bonito do que a casa do meu avô, o Viaduto Otávio Rocha. Depois, pela vida afora, vi outros espaços monumentais impressionantes: a Piazza San Marco, em Veneza, o Arco do Triunfo, o Coliseu de Roma, o Parlament House com o Big Ben, mas nenhum deles me fez o coração disparar como aquela visão dos meus oito anos. O Viaduto Otávio Rocha foi o meu primeiro alumbramento.
Eu me lembro que o Pão dos Pobres ficava nas margens do Guaíba, lá onde a cidade acabava. Eu me lembro que a lancheria das lojas Americanas era o ponto chique da cidade. Eu me lembro que tinha até banana split. Eu me lembro que eu sabia de cor todas as transversais da Avenida Independência, do Colégio Rosário à Praça Júlio de Castilhos: Rua Barros Cassal, Rua Thomaz Flores, Rua Garibaldi, Rua Santo Antônio, Rua João Telles. Eu me lembro da Pantaleão Teles, da Cabo Rocha, American Boite, Maipu, Gruta Azul. Eu me lembro do conjunto Norberto Baldauf, da Orquestra Espetáculo Cassino de Sevilha, do Conjunto Farroupilha, dos Quitandinha Serenaders: “Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito ainda chora...” Lembro da tristeza da minha mãe quando emprestei o violão do meu irmão para um baiano que estava passando uns tempos aqui em Porto Alegre. Eu me lembro que o meu violão nunca mais voltou e que o baiano se chamava João Gilberto.
Lembro do Hino Rosariense. Lembro que Maria Della Costa era garota da capa da revista O Globo, e tinha as pernas mais lindas do mundo. Lembro dos festivais Tom & Jerry nas manhãs de domingo no cinema Avenida, das matinês do Cinema Victória, dos cinemas Rex, Roxi, Imperial, Cacique. Lembro do mezanino do Cinema Cacique, que servia a última novidade em gelados, o Peach Melba. Lembro que todo o mundo detestava os filmes do Cecil B. de Mille, exceto o público.
Lembro que no abrigo dos bondes da Praça XV podia-se beber o caldo da salada de frutas, sem frutas, apenas seus vestígios. Aquela água era néctar dos deuses. Lembro do Vicente Rao, do Bataclan, do brique Ao Belchior, do Senhor Joaquim da Cunha, do Farolito e do China Gorda.
Lembro que pela margem direita eram o Javaí, Juruá, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, e pela esquerda o Japurá, Negro, Trombetas, Paru e Jarí. Eu me lembro que meus professores diziam que ensinamentos como esses seriam de grande utilidade para a vida. Lembro do irmão Ary, professor de Biologia, recusando-se a falar da teoria de Darwin: “Quem quiser que descenda do macaco, eu descendo de Adão e Eva”. lembro que ele nos preparava para o vestibular de Medicina. Eu lembro do Pervitin que a gente tomava para passar a noite estudando e tirava nota ruim no dia seguinte.
Lembro do rodouro metálico e seu jato gelado que fazia tudo girar. Lembro do Gin Fizz, do Hi-Fi, do Alexander, da mistura de Coca-Cola com cachaça que levava o nome apropriadíssimo de Samba em Berlim. Lembro do footing da Rua da Praia, onde a gente exibia a camisa volta-ao-mundo, de nylon, e que diziam que iria revolucionar o vestuário masculino. Lembro das calças de brim-coringa farwest.
Lembro que a deusa da minha rua era a Maria Thereza Goulart, que não era ainda Goulart. Ela morava no edifício Glória e recebia visitas misteriosas de um João, este, sim, Goulart, que era invejado por toda a garotada da Barros Cassal.
Eu me lembro do tempo em que futebol se jogava com goleiro, com dois beques, três na linha-média e cinco no ataque e que, em geral, faziam-se gols. Eu me lembro do time do Inter, imbatível, nos anos 50: La Paz, Florindo e Oreco, Paulinho, Salvador e Odorico, Luizinho, Bodinho, Larry e Canhotinho.
Eu me lembro de um tempo sem malícia, quando o estádio dos Eucaliptos torcia, gritando em coro: Co-Co-Colorado, Co-Co-Colorado, Co-Co-Colorado. Eu me lembro do Café Andradas, onde a gente ia matar aula e encontrava o Henrique Fuhro. O Abujamra, que anunciava tragicamente: “O homem é uma paixão inútil!...Mais um café, Macedo”.
Eu me lembro do Bar Matheus, na Praça da Alfândega, da Pavesa, do Treviso, da cadeira pendurada na parede, onde sentou Chico Viola. Da sopa, do mocotó levanta-defunto do mercado Público, do sanduíche-aberto do Bar Líder, daquela mostarda amarela do Galeto do Marreta e, por fim, do cachorro-quente da praça do Colégio Nossa Senhora do Rosário, sem favor nenhum, o melhor do mundo.
“O sabonete Cinta-Azul tem o prazer de apresentar um novo filme de caubói Bat Masterson, Bat Masterson”.
“Phimatosan, quando você tossir, Phimatosan, se a tosse repetir”.
“Ela é linda, ah! É noiva, oh! Usa Ponds, Aaah!”.
Eu me lembro do desodorante para privadas Desodor, “Libera o ambiente dos odores estranhos”, do Detefon, do espiral Boa-Noite, da cera Parquetina, da creolina Cruswaldina, do formicida Tatu.
Eu me lembro que o Jeca Tatu tinha verminose, era pálido, maltrapilho, preguiçoso e roubado pelo patrão. E era um herói nacional... Eu me lembro das missas rezadas em latim, dos padres de batina e do seu indisfarçável sotaque da Colônia: “caríssimos irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo! Naquele tempo, vindo Jesus com os seus discípulos”...
Eu me lembro da Glostora, da Antisardina, “O segredo da beleza feminina”, Odorono, Cashmere Bouquet, “O aristocrata dos produtos femininos”, Lusoform Primo, poderoso desinfetante contra frieiras, pé-de-atleta, CC – cheiro de corpo, mau hálito e pós-barba.. Eu me lembro de um perfume da fábrica Colibri, Água de Cheiro Amor Gaúcho.
Eu me lembro de Ildo Meneghetti, o candidato invencível, e me lembro de sua quase absurda honestidade, quando declarou: “Meu maior erro foi ter derrotado Alberto Pasqualini, ele tinha um plano de governo e eu, não”.
Eu me lembro do dia 24 de agosto de 1954. A morte de Getúlio se alastrando pela cidade, incendiando a Rádio Farroupilha, empastelando o Diário de Notícias, destruindo a sede da UDN, depredando tudo que tivesse nome americano: o Consulado, as Lojas Americanas, até a American Boite...
Eu me lembro do P.F. Gastal, criador do Clube de Cinema e que me apresentou a alguns gênios da tela. Um deles, contava Gastal, se apresentou para uma plateia de apenas quatro pessoas, em Berlim, dizendo: “Sou ator de teatro, cinema, escrevo contos, programas de rádio, TV, dirijo filmes, peças, sou ventríloquo, ilusionista, mágico. Pena eu ser tantos e vocês tão poucos. Meu nome é Orson Welles”.
Eu me lembro do Teatro de Equipe, na General Vitorino, do Teatro de Belas Artes, na Senhor dos Passos, e da Confeitaria Atlântica, na Praça Dom Feliciano, ponto de encontro e desencontros dos artistas do Theatro São Pedro. Eu me lembro que nós, Luiz de Matos, Ivete Brandalise, Peréio, Nilda Maria, Mário de Almeida e tantos outros, trabalhávamos como diretores, cenógrafos, figurinistas, maquiadores, contra-regras. Eu me lembro que, às vezes, eu tinha a sensação de que éramos tantos e vocês tão poucos... Mas, eu me lembro que “qualquer prazer me diverte e qualquer china me interte!”
Eu me lembro que a Livraria do Globo era uma loja que vendia livros... Eu me lembro do Loxas, do Janjão, do Sunda... Mas, sobretudo, eu me lembro do Mário, aquele... Eu me lembro que: “Não adianta bater, que eu não deixo você entrar”.
Eu me lembro da Emulsão de Scott, do Calcigenol Irradiado, do Peitoral de Angico Pelotense, da Pomada Minâncora, das Pílulas de Vida do Dr. Ross, “fazem bem ao fígado de todos nós”, do Regulador Xavier, “vive melhor a mulher”, do Pó Pelotense, do vinho reconstituinte Silva Araújo, “V de Vida, R de resistente, S de saúde e A de alegria”. do rum Creosotado e dos reclames dos bondes da Carris: “Veja, ilustre passageiro, o belo tipo faceiro que o senhor tem ao seu lado, e, no entanto, acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o o Rum Creosotado”.
Eu me lembro, sempre, de não confundir capitão-de-fragata, com cafetão-de-gravata. Eu me lembro que até os craques da locução confundiam “alhos com bugalhos”. Ernani Behs, a máxima voz da Rádio Farroupilha, uma noite anunciou, solenemente: “Transmitindo do alto do Viadeiro Borges de Meduto...”. Eu me lembro que “Bartolo tinha uma flauta, a flauta era do Bartolo, sua mãe sempre lhe dizia: toca a flauta meu Bartolo”. “Coelhinho, se eu fosse como tu, tirava a mão da boca e botava a mão no...”.
Eu me lembro que: “Até a pé nós iremos, para o que der e vier...”. Eu me lembro de que não foi exatamente a pé, mas atravessando o mundo, de avião, que o Grêmio conquistou o Campeonato Mundial de Clubes. Do show de bola do Renato, Mário Sérgio e demais heróis tricolores. “Até o Japão nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos.”
Eu me lembro que: “O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar...”
Eu me lembro do Programa Maurício Sobrinho, do Clube do Guri e de uma caloura que diziam ser a nova Ângela Maria. Eu me lembro que ela morava na zona Norte e se chamava Elis Regina. Eu me lembro de uns versos:
“Elis, quando ela canta me lembra de um pássaro,
Mas não é um pássaro cantando,
Me lembra um pássaro voando”.
Eu me lembro de uns quintanares:
“Olho o mapa da cidade
como quem examinasse
A anatomia de um corpo
(É nem fosse o meu corpo).
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes
Há tanta moça bonita
Nas rua que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando for, um dias desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade do meu andar
(Deste já longo andar!)
E talvez do meu repouso...”
Eu me lembro de que o Viaduto Otávio Rocha foi o meu primeiro alumbramento. Era guri de Lavras, chegando nesta Cidade Grande. Esta cidade que me acolheu. Nela cresci, me fiz homem, aprendi ofício. Devo isso tudo a Porto Alegre. Hoje realizo uma fantasia de adolescência: ser porto-alegrense. Hoje, eu sou um cidadão da cidade que tem o Viaduto Otávio Rocha, orgulhosamente.
Agradeço a homenagem que me emociona, me toca fundo no coração. Eu sempre lembrarei disso, sempre lembrarei, e me lembrarei. Obrigado.” (colaboração de Ondina S.P.C.)
sexta-feira, 19 de março de 2010
Lula e o Capeta
Emocionante relato: o Papa e os três gaúchos
Dog-o-matic: lavajato para cães e gatos
quinta-feira, 18 de março de 2010
Túnel na Rússia imita sambódromo da Indy
O túnel Lefortovo, na Rússia, de 3.150 metros, é o mais longo túnel urbano do mundo (apenas para comparação, o túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, tem 2.800 metros de comprimento, mas em dois trechos, do Rio Comprido ao Cosme Velho, com 760 metros; e do Cosme Velho à Lagoa com 2.040 metros). O Lefortovo é apelidado de "túnel da morte". Existe um rio que passa sobre ele e a água vaza em alguns pontos; quando a temperatura desce abaixo de 0°C (no inverno russo pode a -38ºC), a pista congela, fica escorregadia e o veículo do desavisado piloto dança mais que carro de Fórmula Indy em pista construída por engenheiros paulistas (colaboração de Helio D.).
Enquando isso, numa universidade lisboeta...
Os perigos do pão
a) 100% dos consumidores de pão acabam mortos;
b) 98,3% dos presidiários que cumprem pena por crimes violentos são usuários de pão;
c) 85,2% de todos os alunos do ensino médio que obtém resultados insatisfatórios nas provas, consomem pão diariamente;
d) No século XVIII, quando todo o pão era preparado nas próprias residências, a expectativa de vida média era de menos de 50 anos. As taxas de mortalidade infantil eram absurdamente elevadas, muitas mulheres morreram no parto e doenças tais como a febre tifóide, a febre amarela e surtos de gripe dizimaram populações inteiras;
e) 92,7% dos crimes violentos são cometidos dentro de 24 horas depois da ingestão de pão;
f) O pão é feito basicamente de farinha de trigo. Está provado que menos de 500 gramas de farinha de trigo são suficientes para sufocar um rato. O indivíduo médio, que consome em média dois pães de cinquenta gramas por dia terá ingerido no final do mês farinha suficiente para ter matado seis ratos;
g) Sociedades tribais primitivas que não faziam uso do pão apresentavam baixa incidência de câncer, do Mal de Alzheimer, de Parkinson e da osteoporose;
h) Está provado estatística e cientificamente que o uso do pão causa dependência física e mental. Pesquisa feita em voluntários europeus revelou que 99,8% daqueles que foram submetidos a uma dieta forçada somente à base de água imploraram por pão em três dias ou menos;
i) O pão é frequentemente utilizado em conjunto com outros alimentos pesados e prejudiciais à saúde, tais como manteiga, queijo, geléia e os embutidos ricos em gorduras e colesterol;
j). Testes científicos comprovam que pão absorve água. Partindo do princípio que mais de 90% do corpo humano é composto por água, todo aquele que ingere pão expoe-se ao risco de sofrer desidratação grave;
k) O pão é assado em fornos cujas temperaturas são mantidas acima de 200º Celsius, temperatura que pode matar um indivíduo adulto em menos de um minuto;
l) Estudos comprovados mostram que um ambiente com pão exposto ao ar por muitos dias apresenta forte odor de bolor, mais um indício dos malefícios causados pelo pão;
m) 58% dos indivíduos que consomem pão são totalmente incapazes de distinguir entre fatos científicos comprovadamente significativos e especulações estatísticas sem fundamento científico e manipuladas, como essa.
Fonte: Bread is Dangerous - B.S Wheatberry (colaboração de Joel S.J.)
Meu querido Diário
Diário dele - O meu time perdeu. Fiquei chateado a noite toda. Pelo menos dei umazinha. Mas ainda tô chateado... Time de merda! (colaboração de Maria R.L.P.)
Implosão na medida certa
Implosão nos EUA vista a bordo de helicóptero. Perfeita! Mas pela quantidade de 'wow' e 'unbelievable' que os caras soltam a coisa nem sempre deve correr assim tão bem...
O que está faltando no texto abaixo?
Desde que se tente sem se pôr inibido, pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento
Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo, esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", ou o que quiser escolher. Podemos, em estilo corrente, repetir sempre um som ou mesmo escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?
Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.
Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.
Descobriu?
Não veja a resposta antes de descobrir... Você consegue!! Tente mais um pouco.