De manhã era apenas um botão, no almoço estava toda aberta. Linda, delicada, única: minha flor de Maio. Já esperava, pois sempre chega no outono, estava na hora. É que neste ano ela surpreendeu - pétalas de seda maiores e mais vibrantes e apareceu num lindo dia de veranico, céu azul e ânimos igualmente coloridos. No dia, estive no Downtown. O shopping estava ainda mais festivo em dia do calor que, ao contrário da minha flor, era totalmente inesperado. Bermudas e decotes, sorrisos nos bares enfeitados com música ao vivo. Encontrei meu amigo E. Tomando sorvete Itália e a caminho do cinema, claro que aceitei o convite. O que esperar de Sex and the City? Nada de surpresas. A luz se apaga e sabemos a duração exata da apresentação de personagens e situações, o ponto de virada para os conflitos, a nova virada para a resolução dos problemas. Sem contar que a série que originou o filme é mais que conhecida e, é claro, temos a certeza do final feliz. Era tudo o que eu queria. Na mesma semana houve a decepção com o filme de Gerard Depardieu, chato, muito chato, além do suportável. E que termina assim, do jeito europeu de ser, deixando a senhora ao lado angustiada: “E aí, eles ficaram juntos ou não?”. Vai saber... Pouca gente gosta do óbvio, eu odeio. Mas Sex and the City é bem feitinho, leve e rende boas risadas. Assistir ao filme aquele dia me deu saudades de um tempo. De quando a gente botava a mão no fogo pelos amigos do peito e sabia identificar de cara um verdadeiro cavalheiro. Acho que ando precisando mais de filmes água com açúcar, precisando esperar – e por quê não? – por finais felizes. Porque nem sempre surpresas são agradáveis. E nem sempre o previsível é aborrecido. Tai a foto prá não deixar dúvida. É muito bom ter a certeza que a beleza desponta a cada ano em minha varanda num dia de outono. (Texto e foto do blog 'Sorria vc não está em Miami', de Gisele Badenes, jornalista e roteirista de TV).
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