Ser carioca não é uma definição de naturalidade; é antes uma filosofia de vida, um modo de ser que, para não causar escândalo, só pode ser praticado aqui, na Cidade Maravilhosa. O texto adiante representa bem isso.
Fábula carioca - Antes do trabalho, ele teve de passar no Posto 6, para cuidar de um desses aborrecimentos da vida adulta. No caminho para o Rebouças, seguiu até Ipanema, recuo estratégico para driblar o trânsito pesado da selva urbana chamada Copacabana. Foi quando aconteceu. Não dobrou na Visconde de Pirajá - decidiu perder mais um minuto e passar pela Vieira Souto, avistar a praia querida, onde não pisava fazia tempo. Encontrou aquele cenário de sonho: o céu sem nuvens, o Dois Irmãos como moldura, o sol impecável, a água em tons caribenhos, uma brisa que deixava a vida em torno dos 30 graus. E veio a epifania: "Esse dia, desse jeito, não acontecerá de novo, nunca mais. É único - e estará perdido para sempre se eu não aproveitá-lo". Decidiu: estacionou o carro - dia de semana, vagas à vontade na orla -, comprou um par de havaianas numa banca de jornal e um short na loja mais próxima. Lá mesmo, se trocou. Quando chegou na areia, ligou para o chefe e descreveu a epifania. Avisou que não tinha jeito, ia ficar em homenagem àquele dia de sonho. Gentil mas firme, não permitiu contestações. Pode ser que amanhã, ele não tenha emprego - mas, numa praia tão espetacular, qualquer preocupação, inclusive essa, evapora em menos de dez segundos (texto de Aydano André Motta, colaboração do Nelson S. ).
Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém "encontrou a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa" do problema. O termo é aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza (este é o uso em língua inglesa, principalmente, como na expressão I just had an epiphany, o que indica que ocorreu um pensamento, naquele instante, que foi considerado único e inspirador, de uma natureza quase sobrenatural). Epifania também possui o significado de manifestação ou aparição divina. Diversos personagens históricos, na maioria líderes religiosos, filósofos, cientistas, místicos, escritores, teriam tido experiências epifânicas, dentre eles: Buda, Moisés, Arquimedes (com o célebre grito "eureka", epifania que lhe permitiu formular a lei do empuxo) e Maomé. Este conceito não deve ser confundido com a festa religiosa cristã denominada "Epifania do Senhor", que celebra a assunção humana de Jesus Cristo (fonte: Wikipedia).
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