O Restaurante Café Lamas, à rua Marquês de Abrantes, 18, no Flamengo, sempre foi um reduto da boêmia carioca, um ponto de encontro de jornalistas, políticos, artistas, intelectuais, empresários e estudantes. Tudo começou no Largo do Machado (Rua do Catete 295, onde hoje está a galeria do cine São Luiz), em 4 de abril de 1874, no bar fundado pelo português Francisco Tomé dos Santos Lamas. Era uma eterna festa, permanecia aberto 24 horas por dia. Entre seus milhares de freqüentadores - a maioria considerava o Lamas uma extensão de casa, onde se saboreava o tradicional filé com fritas, acompanhado pelo indefectível chope, se jogava sinuca ou apenas se conversava nas rodas de amigos - estavam as maiores personalidades do país, de todas as áreas. Entre os mais assíduos, Getúlio Vargas saia do Palácio do Catete e ia no Lamas tomar o "chá das cinco". Oswaldo Aranha diariamente comia um filé incrementado (que acabou sendo batizado com seu nome), Paulo Gracindo, Carlos Lacerda, Olegário Mariano, Barreto Pinto, Carmen Miranda, Tenório Cavalcanti, Juscelino Kubitschek, Chacrinha, Dercy Gonçalves, Albino Pinheiro, Grande Otelo, Chico Caruso, Jaguar, Lulu Santos, Miguel Falabela. Entre os visitantes ocasionais, os mais conhecidos foram Noel Rosa (depois das noitadas na Lapa), Orson Welles, Rachel Welch, Catherine Deneuve e Bianca Jagger. O Lamas testemunhou decisões políticas, movimentos estudantis, parcerias artísticas, criações de clubes esportivos (lá foram fundados o Flamengo e o Fluminense) e partidos políticos. O slogan "o petróleo é nosso" nasceu numa das suas mesas, bem como o banho de mar à fantasia na Praia do Flamengo. As histórias pitorescas do Lamas são incontáveis, como a do piloto Moraes Sarmento, que numa madrugada entrou buzinando ruidosamente no restaurante com seu carro de corridas. Nos anos 40, um enorme grupo de carnavalescos retirava um reboque da estação de bondes ao lado e o empurrava até a Praça Onze para assistir aos desfiles das escolas de samba. A correspondência e as mesadas dos estudantes de outros estados que moravam nas pensões próximas eram endereçadas ao Lamas. Os campeonatos de sinuca e de chope reuniam multidões - um dos organizadores foi Albino Pinheiro, um dos fundadores da Banda de Ipanema. O Café Lamas já foi citado em músicas como "Rio Antigo", interpretada por Alcione, além de ter servido de inspiração para um livro, "Salvador Janta no Lamas", de Vítor Giudice, onde um dos contos passa-se dentro do restaurante. A mudança para a Rua Marquês de Abrantes, em 1976, devido às obras do Metrô, em nada alterou a tradição do restaurante, mas as lembranças perduram para sempre (fonte: transcrição do site do Lamas). Veja o cardápio em
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