Na segunda-feira de Carnaval, um cidadão saiu de casa às 22h, de tênis, bermuda e camisa, chapéu de palha na cabeça, para encontrar a namorada na porta do Circo Voador, na Lapa. Chegou lá, saiu do táxi falando ao celular para encontrá-la e quase foi atropelado por um camburão do CORE (Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais), da Polícia Civil, com luzes e lanternas apagadas. O motorista gritou: - “Ô malandro!”, o cidadão pulou assustado, pediu desculpas e deu as costas. Continuou no celular e já na calçada percebeu que a viatura rodava ao seu lado, com os três policiais de preto xingando e mandando o “bebum” sair da rua. O cidadão achou que isso não era jeito de ser tratado e reclamou, dizendo não ser malandro nem bêbado. Foi o que bastou. Os policiais desceram da viatura e prenderam o cidadão por desacato. Nosso herói resolveu que era hora de se identificar como juiz federal, mas não adiantou, foi algemado e sob ameaças jogado na mala do camburão. Quantas vezes você já leu ou ouviu historinhas semelhantes de arbítrio policial? Dezenas, né? Pois bem, mas neste caso, envolvendo um figurão, a coisa pegou: amigos escreveram artigos indignados nos jornais; houve denúncia do Ministério Público Federal à Justiça Federal; e um ato público de desagravo ao juiz, no dia 14, promovido pela AJUFE (Associação dos Juízes Federais do Brasil) com a presença de mais de cem juízes, além de representantes da OAB-RJ, de associações dos Procuradores do Trabalho, dos Magistrados, e de outras. Tudo muito bem, os policiais têm que ser enquadrados. Mas eu pergunto: - Onde estavam esses juízes todos, essas associações todas... nos OUTROS casos? E se em vez do Doutor Juiz fosse o sr. José Manuel? É isso aí, galera, cidadão zé-mané tá fodido, toma porrada dos canas, vai preso e ninguém se importa, até porque é notícia que não vende jornal. Enquanto não acontecem fatos do tipo com algum de seus queridos pares, os engravatados cidadãos de primeira classe continuam bebendo o seu uisquinho no ar refrigerado das associações e discutindo amenidades. Fala sério...
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