As obras começaram em 1922 (clique na foto para ampliá-la). A tarefa consistia em derrubar o morro, que ocupava uma área de 184 mil metros quadrados em pleno Centro da cidade do Rio de Janeiro. Foram retirados 4,6 milhões de metros cúbicos de terra. E o uso da ferrovia neste trabalho foi intenso. A empreiteira usava pequenas locomotivas de manobra para retirar o aterro, que mais tarde foi usado para aterrar a área de charco que cercava o morro e nos bairros da Urca, Copacabana e Gávea. Foi a partir do Morro do Castelo que a cidade do Rio de Janeiro cresceu e se urbanizou. A fundação da cidade ocorreu no que hoje é o bairro da Urca, mas em 1567 - depois da expulsão dos franceses pelas tropas de Estácio de Sá - a ocupação da cidade foi transferida para o Morro do Castelo, de onde se tinha uma vista privilegiada para a entrada da Baía de Guanabara. Os jesuítas, que na época tinham grande prestígio, construíram um colégio, o convento e uma igreja no alto do morro. Mas a expulsão dos jesuítas da cidade pelo Marquês de Pombal, em 1759, acabou dando origem a uma lenda que ia acompanhar o Morro do Castelo até a sua completa destruição. Como saíram apressados, fugindo, os Jesuítas teriam deixado para trás um tesouro enterrado no morro. À lenda do tesouro juntou-se uma discussão em torno do morro que durou mais de um século: a necessidade da sua demolição. Do alto do Castelo, a cidade se espalhou pelas planícies que o rodeavam.E já a partir do século XVII, a posição privilegiada da colina perdeu importância para o comércio marítimo que se desenvolveu em torno da praça XV. O casario colonial e as estreitas e tortuosas ruelas do morro passaram a ser ocupadas por uma população pobre e marginalizada. Quando a demolição do morro começou em 1922, ninguém mais acreditava que ela iria acontecer. Cinco mil pessoas ainda ocupavam a área. Uma teoria muito em voga na época, dizia que o morro impedia a circulação do vento que vinha da Baía de Guanabara, contribuindo para as moléstias e epidemias que atacavam a população no Centro da cidade. Os defensores de sua destruição, entre eles alguns médicos e sanitaristas, ressaltavam como benefício adicional o uso do entulho da demolição para aterrar a área de charco e mangues que cercavam o morro, eliminando os "miasmas febris", que - dizia-se - subiam do pântano (fonte: Revista Ferroviária).
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