Este artigo foi publicado em Artes e Ideias, de Obvious, por Diana Guerra, em maio de 2010
À primeira vista, os trabalhos de Alexa Meade parecem quadros expressionistas. Mas olhe com mais atenção e perceba: trata-se de muito mais do que isso, pois são instalações bem tridimensionais.
Quando olhamos pela primeira vez, não percebemos. Parecem-nos quadros expressionistas bem pintados. Mas preste mais atenção, especialmente nos olhos: é praticamente a única coisa no ser humano que não pode ser camuflada. Alexa Meade descobriu uma nova forma de fazer arte, indo além do bodypainting. Ela faz instalações, adaptando os objetos à sua forma de ver o mundo.
Meade adapta o real ao seu mundo, usando uma técnica própria que faz com que a realidade pareça uma figura bidimensional e criando uma ilusão até para o espectador mais atento. Trompe l'oeil é o nome da coleção destes trabalhos onde usa tinta acrílica e leva ao extremo o lema "a arte imita a vida", já que o faz em cima da própria vida. Como se construísse uma máscara em cima dos objetos sobre os quais trabalha, mantendo o seu âmago, sem o danificar.
Alexa Meade tem apenas 23 anos e, ao contrário do que possa parecer, a carreira artística nem sempre lhe foi óbvia. Proveniente de Washington D.C., licenciou-se em Ciência Política e já estagiou no Capitólio por várias vezes, sendo que em 2008 fez parte da equipe de imprensa da campanha de Barack Obama. Há menos de um ano, quando terminou de estudar, é que se decidiu pela sua paixão artistica, trazendo da política a ideia de que as experiências não são verdades absolutas e, por isso, nunca são interpretadas da mesma forma: ver não significa necessariamente acreditar.
"Os modelos que utilizo são transformados em personificações da interpretação do artista da sua essência. Quando vemos uma fotografia ou vemos a instalação pronta, as pessoas que estão por trás do trabalho desaparecem, eclipsadas pelas suas próprias máscaras". É por estas palavras que Alexa Meade descreve o seu trabalho, revelando como nos proporciona uma mudança na forma como vivemos as relações espaciais e, por consequência, emocionais.
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